Leila Nishi
Nasci no Japão em 1955, na cidade de Tóquio, e vim muito pequena ao Brasil, terra natal de meus pais, quando tinha apenas 5 anos. Por algum tempo, achei que a Terra se dividisse apenas nestes dois países. Brasil e Japão. O desenho sempre foi para mim um prazer e uma prática constante, diária. Lembro-me também de adorar a dobra de origamis quando criança, apesar de, com o avanço da idade, ter perdido o interesse na arte ao mesmo tempo em que me afastava da cultura japonesa. Durante o ensino superior, trabalhei com artes gráficas, ilustrações e estampas enquanto cursava a faculdade de Arquitetura Mackenzie. Após o término da graduação, tive uma sucessão de três escritórios abertos com diferentes sócios e uma diversidade bem grande de trabalhos, que iam de projetos de arquitetura a comunicação visual e design gráfico, vitrines temáticas, cenários e intervenções em fachadas como grafites. Foi no início da década de 90 que surgiram, por acaso, as nossas primeiras propostas de trabalho de escultura em papel. Algumas destas obras acabaram sendo premiadas em Nova Iorque pela editora do livro Three Dimensional Illustrators. E a partir daí, outras premiações vieram, e a solicitação para trabalhos em papel se tornou bastante frequente. A técnica com o papel e a abordagem dos temas foram sendo cada vez mais refinadas, acredito, pela experiência e pelas experimentações; novas técnicas para trabalhar com o papel, novos recursos e novas ideias. Ao desenvolver quadros e objetos e reproduzir como tiragens de gravuras, uma a uma de forma artesanal, torna-se possível realizar soluções cada vez mais complexas. Refinou-se também, no processo, o trabalho de colaboradores que fazem parte desse pequeno universo da construção de arte em papel. Com parcerias cada vez mais inspiradoras e proveitosas, vejo este campo se expandir a cada dia. Hoje, aproximando-me da arte da qual me afastei há tantos anos, vislumbro que trabalhar com arte em papel seja um desafio — e uma motivação — sem fim. A todo momento, devo me colocar em frente a um quadro branco e pensar: Como devo preenchê-lo? E desta questão, colho o meu contentamento profissional.